Adeus: maestro e regente morrem com coronavírus
Martinho Lutero Oliveira tinha 67 anos e Naomi Munakata, 64
O maestro brasileiro Martinho Lutero Galati de Oliveira, uma das principais autoridades do País em música coral e criador da Rede Cultural Luther King e da Camerata Sé, morreu na noite de quarta-feira (25), aos 67 anos, em São Paulo. Ele tinha coronavírus e sofreu uma parada cardíaca.
O primeiro exame havia dado negativo, mas o segundo confirmou. Martinho esteve neste ano na Itália. A cremação ocorreu ainda nesta quinta-feira, sem aglomerações.
Martinho Lutero dedicou sua trajetória à música coral. O Coro Luther King foi criado em São Paulo em 1970 e recebeu prêmios como o da Associação Paulista de Críticos de Arte, tendo se apresentado em países como a Itália, Portugal, França, Alemanha, Cuba, Angola e Tunísia.
Em 2020, a Rede Cultural Luther King completa 50 anos. Faz parte do projeto a Camerata Sé, que vinha sendo atração na Catedral da Sé, em São Paulo, além de propor projetos originais, como a apresentação da ópera Treemonisha, de Scott Joplin com os artistas da Ocupação Cultural Jeholu, que se dedica a pensar coletivamente a identidade negra e seu protagonismo a partir dos terreiros.
Lutero também desenvolvia trabalho na Itália, onde criou o coro Cantosospeso e era professor no Instituto di Musicologia di Milano e na Libera Università di Lingue e Comunicazione. Nos anos 1980, trabalhou na África, onde criou a Associação Cultural Tchova Xita Duma, em Maputo, Moçambique. Ele era o presidente da Associação Brasileira de Regentes Corais.
MAIS DESPEDIDA
Uma das mais importantes regentes brasileiras, Naomi Munakata morreu nesta quinta-feira (26), aos 64 anos. Ela estava internada desde o dia 16 no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo. No dia 19, seu teste de Covid-19 (doença causada pelo coronavírus) deu positivo.
Mesmo tendo apresentado uma melhora no quadro clínico nos últimos dias, Munakata teve uma piora abrupta durante a noite, que evoluiu para um choque séptico. A maestrina morreu por volta do meio-dia.
Nascida em Hiroshima, no Japão, em 31 de maio de 1955, Naomi Munakata se mudou para o Brasil com a família aos dois anos de idade. Aos sete, passou a cantar no coral dirigido por seu pai, Motoi Munakata.
Formada em composição e regência na Faculdade de Música do Instituto Musical de São Paulo, ela continuou os estudos na Universidade de Tóquio.
Munakata foi diretora da Escola Municipal de Música de São Paulo e do Coral Jovem do Estado.
Sua atuação mais notável foi como regente titular do Coro da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), que dirigiu de 1995 a 2015 - com reconhecimento internacional. Ela era, atualmente, regente titular do Coral Paulistano Mário de Andrade, do Theatro Municipal de São Paulo.