OMS desmente premiê britânico
Para a Organização Mundial de Saúde, os dados não indicam maior letalidade da variante do coronavírus no Reino Unido
por Estadão Conteúdo
23/01/2021 - 05h00Genebra - A epidemiologista responsável pela resposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) à pandemia de covid-19, Maria Van Kerkhove, afirmou em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (22)que a variante do Reino Unido do novo coronavírus não mostrou sinais de que é mais mortal do que a primeira cepa do vírus, segundo estudos de laboratórios acompanhados pela entidade. A declaração da especialista contraria o que disse nesta sexta o premiê britânico, Boris Johnson.
O diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, explicou que, apesar de ter ocorrido mais mortes por Covid-19 no Reino Unido desde o surgimento da variante, isso não necessariamente está ligado à letalidade do vírus.
"Letalidade e mortalidade são duas coisas diferentes. O que observamos com certeza no Reino Unido foi um aumento do número de novos óbitos acompanhando o crescimento dos casos", afirmou Ryan, reiterando que os dados que a OMS possui até agora não indicam maior letalidade da cepa britânica do sars-cov-2.
Segundo a diretora de vacinas da OMS, Katherine O'Brien, não há informações suficientes para saber se os imunizantes que estão sendo usados para a covid-19 são mais ou menos eficazes contra as novas variantes já identificadas.
O diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom, alertou ainda que o uso das vacinas não exclui a necessidade das medidas de segurança continuarem em vigor.
TRÊS MUTAÇÕES
As três mutações do novo coronavírus, descobertas no Reino Unido, Brasil e África do Sul, representam um elevado risco do aumento do número de infecções na Europa que podem ter como consequência um aumento significativo nas internações e mortes, informou ontem o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) - uma agência ligada à União Europeia.
Cientistas que analisaram o problema afirmam que essas mutações são mais transmissíveis e já foram detectadas em diversos países europeus. "Estamos vendo a deterioração epidemiológica em áreas onde já há a transmissão das variantes do Sars-Cov-2", advertiu a diretora do centro, Andrea Ammon. Segundo ela, "a elevação do número de infecções vai levar ao aumento de internações e taxas de mortes em pessoas de todas as idades".
A diretora ressaltou ainda que todos os países integrantes da União Europeia devem "preparar seus sistemas de saúde para a escalada da demanda". O Reino Unido e depois dele vários outros países europeus já fecharam as suas fronteiras ou estão cogitando adotar essa medida para evitar a propagação, em seus territórios das variantes mais transmissíveis. Atenta a essas iniciativas, a Comissão Europeia já afirmou que tais barreiras só prejudicarão seus mercados.